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Consultório de Psicologia

Espaço de transformação com a finalidade de orientar, ajudar, esclarecer dúvidas e inquietações. Encontre equilíbrio, use sua criatividade e deixe fluir sua energia. Mariagrazia Marini Luwisch

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Espaço de transformação com a finalidade de orientar, ajudar, esclarecer dúvidas e inquietações. Encontre equilíbrio, use sua criatividade e deixe fluir sua energia. Mariagrazia Marini Luwisch

Relação com filha

 

 

 

Boa tarde, Dr.ª

 

O meu discurso pode parecer-lhe confuso, mas não estranhe pois é assim mesmo que eu me sinto.

Confusa, frustrada, desiludida e muitos outros adjetivos poderia enumerar.

 

Tenho 46 anos, divorciei-me do pai da minha filha quando ela tinha 6 anos, hoje está com 13.

 

Entretanto tive outra relação fracassada. A minha filha até tinha uma relação boa com o meu companheiro.

 

Desde então nunca mais tive ninguém, nem intensões, para mim chega.

 

Mas o que me leva a escrever tem tudo a ver com a minha relação com a minha filha.

 

Sei que ela sofreu muito e sofre com a separação. Antes de dar este passo, consultei uma psiquiátrica, no sentido de me orientar a melhor (se é que existe) de lhe comunicar.

 

Por indicação da professora primária, aconselhou-me  que a minha filha fosse vista por uma psicóloga. Uma vez que após o domingo em que estava com o pai, vinha sempre muito transtornada, normalizando ao longo da semana (nessa altura eu já vivia com o meu ex companheiro). Eu notava que a minha filhinha não vinha muito bem, bastava o olhar dela, o abraço para eu saber que algo de menos bom se tinha passado. Mas como eu imaginava que ela teria sido submetida a um interrogatório, limitava-me a abraçá-la e perguntar se estava tudo bem. Ela respondia sempre que sim.

 

No meu intimo eu sentia que ela me escondia algo. Aos poucos e a medo e passado muito tempo é que ela deixava escapar uma coisa ou outra, coisa vaga.

 

Um dia ela me disse que não gostava dos avós paternos, mas que o pai a obrigava a lá ir almoçar. Nessa altura tentei perceber, o que já sabia.

 

Os avós não gostavam da mãe, porque a mãe usava tacões altos, usava sim, mas o seu significado era outro. Tinha de ser, até porque fui eu que pedi o divórcio.

 

Sempre tentei não dizer mal do pai, ocultei muitas coisas. Até porque pai é pai e bom ou mau, era o pai que tinha.

 

Mas chegou uma altura que já não dá mais para esconder, disfarçar, e também chegou a altura, em que eu achei que ele não merecia o pedestal em que eu própria ajudei a construir.

 

Sempre foi um pai pouco presente, nunca gozou o período de férias a que tinha direito, nem um fim-de-semana completo, nem Natal, nem aniversário, nada. Mesmo correndo o risco de ser egoísta, fico feliz. Mas nunca a impedi de estar com o pai. As suas visitas limitavam-se e limitam-se a uma tarde de domingo de 15 em 15 dias.

 

Durante 4 anos, não pagou a pensão de alimentos, a vestiu, quis saber se passava fome ou não. Grata eternamente aos meus pais, avós que a minha filha adora e diz que são os pais dela, que estão sempre prontos a ajudar, embora me incomode de ainda quase depender deles.

 

Este mês avancei com penhora de vencimento.

 

A relação com o pai da minha filha sempre muito conflituosa, ainda hoje o é.

 

Tentando resumir, pois o mail já vai longo.

 

Tudo piorou, quando o pai da minha filha assumiu uma relação e existe e uma enteada com 9 anos. Agora de ser pai pouco presente, para ser pai ausente. Por sua vez a companheira, não é grande pessoa.

Coisas que a minha filha vai deixando escapar, eu tento ser apenas ouvinte, mas existem coisas, que custa mais que engolir um sapo vivo.

O pai humilha-a constantemente, tipo o que a enteada quiser é o que conta. Dar uma nota de 5€ á enteada e dar 10 cêntimos á filha é do mais baixo. Teria muitas outras oportunidades de dar, sem precisar de humilhar a filha, até porque vivem juntos, mas enfim…

 

Nunca gostou de estudar, mas tudo piorou a partir daí. Ficou retida no 7º ano.

 

Eu escrevo desesperada e ergo as mãos aos céus pedido ajuda. Tenho consecutivas queixas da directora de turma, não reconheço a minha filha.

 

Hoje foi-me comunicado que ela seria excluída das aulas de apoio de inglês, caso não mudasse o seu comportamento. Ela nega, diz que a professora a quer queimar. A mim também me custa aceitar que ela tenha esse comportamento.

 

A minha filha diz que se eu a castigar, é injustamente. E eu fico perdida e desorientada. Não quero tirar a razão á professora (embora tenha razões, para duvidar da sua conduta), mas custa-me sentir que possa estar a castigar a minha filha injustamente.

 

Eu sei que ela é preguiçosa, nada estudiosa, refilona, roçando por vezes falta de educação, mas fora de casa, não a imagino a fazer isso.

 

Eu sei que sou muito permissiva, faço de tudo para minimizar o seu sofrimento.

 

Para tentar que ela se descontraísse anda na natação que adora, na dança  que é outra paixão e num clube de música da escola, que sempre aprende a dar uns toques na viola que lhe ofereci num Natal.

 

Tudo o que for regra, ordem, obrigação, luta contra. Tudo o que faço para a ajudar, recusa, nunca quer ajuda para estudar, aliás ao que me diz quase nunca trás trabalhos de casa. Continua até hoje na psicóloga e ainda hoje diz que não quer ir, que não tem problemas e quer que eu diga á psicóloga que vai deixar as consultas. A verdade é que não vejo qualquer resultado, mas a esperança é a última a morrer.

 

A minha filha foi muito desejada, sonhava  muito ter um filho, adorei estar grávida e saber que um dia me iam chamar de mãe, era tudo o que eu mais ambicionava.

 

E hoje estou tão perdida, quero o melhor para ela, mas parece que ela se recusa a ser ajudada. Não tenho mais ninguém, e olho para aquela carinha e penso aonde terei errado?

 

As nossas discussões são constantes. Se tento debater dizendo que ela está errada, diz-me que não estou a ser justa. Se tento ignorar, nem quero saber. Se lhe digo que se as atitudes não mudarem que bloqueio os canais, ou deixo de carregar o tlm, diz que a ameaço.

……………………………. e eu quero muito resgatar o amor da minha vida, a MINHA FILHA.

 

Desculpe o meu longo desabafo, minhas palavras soltas e nem sei se terei resposta ou se me conseguem ajudar. Mas escrever também ajuda.

 

Obrigada

 

Atenciosamente

 

AM

 

 

Cara AM,

 

Filhos de casais separados sempre sofrem as consequências e é preciso por vezes um acompanhamento psicológico, que a sua filha já vem tendo e isso ajuda muito, convém manter!

 

As crianças são flexíveis e rapidamente se adaptam às diferenças das duas famílias: a do pai e a da mãe, embora possa sempre haver um momento de readaptação, como quando diz que ao voltar da casa do pai ela vem diferente, por vezes triste.

Além de haver diferenças no estilo de vida, ela vai sentir tristeza pois sempre fica o desejo de voltar a juntar os progenitores.

 

O que é preciso em casa é que a sua filha tenha LIMITES. Embora isso possa ser difícil para si, só vão trazer benefícios presentes e futuros. É com limites, regras e disciplina que a criança interioriza valores, normas, aprende o que é certo e errado e aprende a tomar decisões acertadas.

 

A falta de limites na educação dos adolescentes é devido a vários factores como a falta de valores morais da sociedade, a ausência dos pais na vida das crianças e ao medo que os pais têm com relação aos traumas que poderão provocar nos filhos caso eles sejam mais enérgicos na educação. Entretanto esses medos são infundados.

 

A forma como o adolescente se comporta na escola é de certa forma o reflexo do seu contexto familiar. O comportamento do adolescente é totalmente reproduzido em sua escola, principalmente pelo ambiente escolar ser uma extensão do seu contexto familiar. Sendo assim cabe aos pais se questionarem e mudar a postura e estabelecer limites para que o filho aprenda o que pode ou não pode, ajudando assim o jovem com regras que provavelmente o tornarão um adulto com condutas assertivas.

 

Quanto ao ex-marido, como sempre será o pai da sua filha, o melhor é tentar não denegri-lo e nem criticá-lo.

 

Toda a situação que referiu é mais ou menos normal em casais separados.

Não dá para mudar a situação mas o importante é mudar a sua atitude diante da situação!

 

Para esclarecer mais eventuais dúvidas leia também no meu site em:

 http://www.psico-online.net/psicologia/divórcioefilhos.htm

 

Entretanto, procure motivar a sua filha sempre pela positiva, proponha prémios quando cumprir.

É muito importante a maneira dos pais lidarem com os filhos, para poder ajudá-los a crescer saudavelmente.

Com paciência e amor verá que vai conseguir muitas mudanças positivas.

 

Fique bem

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