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Consultório de Psicologia

Espaço de transformação com a finalidade de orientar, ajudar, esclarecer dúvidas e inquietações. Encontre equilíbrio, use sua criatividade e deixe fluir sua energia. Mariagrazia Marini Luwisch

Consultório de Psicologia

Espaço de transformação com a finalidade de orientar, ajudar, esclarecer dúvidas e inquietações. Encontre equilíbrio, use sua criatividade e deixe fluir sua energia. Mariagrazia Marini Luwisch

Ansiedade e depressão

112.jpgBoa noite. É bom poder ler os comentários e pelo menos saber que não estou sozinha. A minha situação é bem grave. Tenho 24 anos e sofro de ansiedade e depressão desde os 19. Já consultei neurologista, psiquiatra, vários psicólogos e também já fiz hipnoterapia durante muito tempo. Às vezes melhora e fico muito tempo até sem pensar no assunto, mas sempre volta e eu fico bem mal. Não consigo dormir sem alguém dormir comigo ou me ficar vigiando enquanto durmo. E mesmo assim custa para dormir, porque para mim dormir é como morrer.

Eu fecho os olhos e tudo se vai. E eu preciso de alguém para se certificar que eu estou respirando enquanto durmo. Não consigo mais ser independente.

Durante o dia passo muito mal também, porque tenho medo que algo possa acontecer comigo e ninguém esteja lá.

Eu tomo banho correndo porque tenho medo de cair na banheira, bater a cabeça e morrer. Eu nem mesmo consigo comer algo que não tenha sido preparado por mim ou alguém de confiança porque acho que posso ser envenenada, mesmo que sem querer. E morro de medo de intoxicação alimentar.

E também tomo medicação e tenho medo de a tomar e morrer, especialmente de fazer alguma alergia.

O meu maior medo é morrer. Eu me imagino sozinha, enterrada e esquecida. Não consigo conceber a ideia de não existir mais. Perdi minha bisavó que morreu de ataque cardíaco ainda nova. Depois perdi meu avô materno para o câncer. Natal passado minha outra bisavó morreu com covid e passados 3 dias minha avó paterna teve um ataque cardíaco e também morreu. Só tenho meu avô paterno e minha avó materna que está com alzheimer, faz mais de uma década e já nem lembro da última vez que ela soube quem eu era.

A minha casa também pegou fogo quando eu era criança e quase morri sufocada. Sempre antes de dormir eu olho os bicos do fogão e as tomadas. E muitas vezes vou ver novamente. Tenho pesadelos constantes e apavorantes. No mais recorrente eu estou enterrada e grito e ninguém ouve. E depois acordo gritando. Também não aguento sequer que alguém mencione o tema da morte sem começar a chorar. Tenho medo de nunca conseguir ultrapassar este medo da morte e acabar não aproveitando nada da vida.

Cara leitora,

É normal que com a morte de um ente querido ou muito importante em nossas vidas se instale o luto, processo sentimental que envolve a dor da perda. Cada pessoa lida com essa dor e angústia de maneira individual e particular, manifestando seus sentimentos de formas distintas, inclusive podendo desencadear distúrbios psicológicos mais sérios.

Os traumas vividos no passado pertencem ao passado e quanto mais os lembramos mais envenenam o presente e podem torná-lo toxico.

Ao sentir que se encontra num quadro extremo no processo do luto ou está a sentir dificuldades em lidar com a situação, não hesite em procurar a ajuda de um profissional psicólogo. O psicólogo vai ajudá-la a entender esse processo e a vivê-lo saudavelmente, por meio da psicoterapia.

No seu caso, já há um movimento de procura da cura, em direção a ultrapassar os problemas, mas é preciso trabalhar no sentido de reviver de outra maneira, de ressuscitar, de crescer com maturidade para ultrapassar.

Relacionamento à distância

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Olá eu sou a Joana!

Sempre tive um relacionamento muito bom , eu e o meu namorado sempre fomos próximos e fizemos as coisas juntos. 

Porém desde ano passado estamos a ter um relacionamento à distância e quase sempre me sinto perdida e sem vontade de fazer nada,  cheguei a pensar que estava com depressão .

Não sei o que pensar nem como agir.

Cara Joana,

Relacionamentos à distância tem uma dinâmica diferente. É essencial saber o que o casal pode fazer para atenuar a sensação de distância e dar certo e, principalmente, serem tão felizes quanto se estivessem no mesmo lugar.

Uma das primeiras coisas que vem à mente de quem está diante da possibilidade de um relacionamento a distância é o medo. Medo de não dar certo, de como irá encarar a situação, de não suportar a saudade, da solidão, de não saber lidar com essa nova dinâmica, etc. São receios que muitas pessoas simplesmente bloqueiam-se e sentem-se perdidas.

É preciso ter uma comunicação sincera, aberta e honesta. O casal deve ser sincero, tanto em relação a coisas importantes (natureza do relacionamento, dúvidas, incertezas, expectativas, planos para o futuro…), quanto a questões triviais do dia a dia.

Por mais que possa parecer assustador, estar num compromisso com alguém que mora distante pode funcionar. Ainda mais hoje que estamos numa era de redes sociais e aplicativos de conversação facilitadores do contacto entre as pessoas.

Namorar alguém que mora longe requer uma manutenção especial para manter a chama acesa.

Algumas dicas:

-Tenha confiança

-Seja positiva

-Mande fotos

-Invista nos mimos

-Evite o ciúme

-Faça visitas

-Comemore

-Faça planos

Vai ver que com a continuação vai sentir-se melhor e mais segura, afinal quando existe amor tudo é possível.

Traição e gravidez

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Descobri há 5 meses a traição, vi mensagem no celular dele dizendo para amante que foi muito gostoso o que tiveram, mas eles teriam que parar e serem apenas amigos, não consegui tirar foto da mensagem, mas guardei para mim, 3 semanas depois não consegui mais segurar e falei para ele que eu sabia e afirmei que ele me traiu, óbvio que ele negou e até hoje nega isso. Resolvi ficar na minha, convivemos juntos, nesse meio tempo engravidei , minha segunda gestação, ele queria que eu ficasse grávida , eu não queria mais, ele insistia muito que teríamos outro filho, eu não queria pois no fundo já sentia que ele continuava me traindo, não me ajuda em casa. Faz-me de empregada e trata-me mal, não cuida direito do filho que temos, não me dá carinho e nem atenção, isso ele já faz desde quando tive o primeiro filho, mesmo assim ainda suporto essa convivência, e infelizmente acabei engravidando novamente, chorei muito, agora estou com 4 meses e faz 1 mês que descobri a traição.

 Na verdade, descobri tudo detalhe por detalhe ele mesmo dizendo nas mensagens com ela, tirei foto de tudo e não sabe ainda, estou guardando, já chorei muito, estou muito mal e ela sabe que ele é comprometido, e os dois conversam de mim e ela sabe que estou grávida, ele disse para ela que colocaria o nome do filho dela nessa criança que estou esperando.

Eu sinceramente estou aos prantos, grávida e sendo feita de trouxa, logo vamos mudar para o apartamento que compramos, na verdade depois que descobri essa gravidez só eu estou me esforçando para comprar os móveis do apartamento para mudarmos logo.

 Isso me entristece pois eu estou aqui me dedicando tanto e os dois se encontrando, ele me fazendo de trouxa, grávida e ainda fala de mim para amante, do nome que vai colocar na criança.

Sinto que estou entrando em uma depressão terrível, pois eu sei de tudo e guardei e estou fingindo que nada acontece. Já pensei várias vezes em muitas loucuras, não sei como agir, apenas estou comprando tudo para o apartamento e não sei o que será, meu psicológico está acabado.

Cara leitora,

Nessa situação é preciso manter a calma, mas também conversar com ele. Procure juntar as suas forças e, com lucidez e racionalidade, exija uma mudança. Conversem muito. Seja firme e mostre que merece respeito e ser tratada como uma companheira.

Entretanto, agora pense no seu filho e no seu parto e tome uma decisão mais acertada somente após o parto e quando estiver  tudo mais estável.

Mostre que é uma mulher inteligente, que sabe o que quer e que tomará a melhor decisão. E que não merece ser passada para trás dessa forma.

Com alguma esperança, talvez consiga salvar a sua relação.

Desmotivada de tudo

58.jpgOlá boa tarde,

Venho por este meio solicitar a sua ajuda para o seguinte, a minha filha tem 18 anos e encontra-se totalmente desmotivada de tudo, escola, casa, etc...

Estou realmente preocupada e não consigo fazer nada, o que me aconselha para esta situação?

Cara Mãe,

Nessa fase de pandemia é comum surgirem mais casos de desmotivação de adolescentes, que tanto pode estar relacionada com o contexto atual, quanto a problemas pessoais ou mesmo a um processo de depressão. É preciso investigar e ajudar.

No caso da sua filha, o melhor é que seja vista por um psicólogo para uma avaliação e um possível tratamento.

Entendo que para uma mãe ter uma filha desmotivada de tudo é exasperante. Nenhuma mãe quer ver uma filha a desperdiçar o seu futuro.

Aqui ficam algumas sugestões:

Procure dialogar com a sua filha, ouça-a, respeite a sua opinião. Fomente a sua motivação com prémios quando cumpre ou algum bónus quando demostra esforço para as atividades diárias.

Não espere resultados imediatos. Motivar uma pessoa pode ser um processo demorado. É preciso paciência e perseverança.

Acima de tudo nunca desista de educar a sua filha cedendo à pressão de a deixar “fazer o que ela quer” ou deixar ir avante. Vai demorar algum tempo, mas num futuro próximo ela irá sentir-se grata.

 

Adolescente com depressão

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Drª Mariagrazia, boa tarde!

Tenho 16 anos e já faz um bom tempo que meu estado de espírito oscila.

De uns anos pra cá desisti dos cursos que fazia, e não consigo mais fazer as coisas que tanto me davam prazer, como: tocar violão, passar o dia lendo ou escrevendo músicas e poesia.

Tenho uma boa família e amigos que amo muito, sou grata por tudo que tenho. A questão é que parte do tempo consigo controlar a tristeza, vou simplesmente seguindo a vida, fazendo as obrigações e até me divertindo com quem amo. Já em outros momentos tudo fica mais difícil e dolorido,  mas não por conta de nenhum evento ou frustração específica. É como se esse vazio estivesse sempre ali, mas eu finjo que está tudo bem, até que não consigo mais me segurar e mergulho nas incertezas.

Me encontro em um desses períodos melancólicos. Sinto que sou como um robô, apenas cumprindo as obrigações, esperando ansiosa por uma chama que me desperte, o problema é que tem sido cada vez mais difícil fazer o básico (ser uma boa aluna, comer, dormir bem).

Percebi que faz anos que eu não tenho um sonho, as coisas parecem sem propósito, sempre monótonas. Sou bem pensativa e sei que posso escolher qualquer sonho aleatório, mas não tenho forças para por nada em prática, nada me deixa eufórica ou motivada e quando penso nisso uma angústia toma conta de mim, como se o vazio avisasse que está sempre comigo.

Acredito que sou capaz de ser feliz, mas há anos que esse sentimento, em sua forma genuína, parece distante e inalcançável...

Penso que é preciso desejar algo, pois quando sonhamos despertamos uma grande força, liberando um leque de sensações.

Consigo passar horas na teoria, mas parece que perdi os sentimentos. Existe algo ou alguma prática que possa me dar, mesmo que o mais leve, impulso para sentir alguma sensação genuína, além de angústia?

           Grata!

            D.M.

Cara D.M.,

Pelo seu relato parece que está a passar por uma fase de depressão ligeira.

Para tentar driblar esses sentimentos, vai precisar fazer algumas mudanças.  O que pode ajudar é fazer exercício físico regular para aumentar a sensação de bem estar. Outras coisas é iniciar a fazer alguma coisa nova como fazer um curso ou engajar-se em algum trabalho.

O que certamente é de maior ajuda é fazer uma psicoterapia.

A psicoterapia é fundamental para o tratamento da depressão.

A psicoterapia, através de sessões regulares, ajuda a:

  • Entender fatores desencadeantes da depressão;
  • Aprender como identificar e fazer mudanças em comportamentos ou pensamentos distorcidos ou negativos;
  • Explorar relacionamentos e experiências;
  • Encontrar maneiras melhores de lidar e resolver problemas;
  • Aprender a definir metas realistas;
  • Recuperar uma sensação de bem-estar e controle;
  • Aprender a lidar com sentimentos como frustração e raiva.

Fale com seus pais e não hesite em ajudar-se e procurar ajuda.

Fique bem

 

Trauma e ouvir vozes

28.JPGOlá Doutora, tudo bem? Gosto muito do seu site, eu tenho depressão e eu estou escutando vozes internas principalmente antes de ir dormir, Essas vozes elas são aleatórias e as vezes o conteúdo delas tem relação com o que eu estou pensando, não chegam a ser vozes complexas, mas as vezes é como se ela falasse palavras que vão de encontro com aquilo que estou pensando.
Fui no psiquiatra e ele descartou esquizofrenia, mas falou que pode ser depressão psicótica, a minha dúvida é: qual o limite para voz deixar de ser normal e ser considerada psicótica? No meu caso essas que descrevi podem ser depressão psicótica???

 

Caro Leitor,
Ouvir vozes é uma situação comum. Pessoas “supostamente saudáveis” também ouvem essas vozes. A diferença entre vozes patológicas e “normais” está no fato de pessoas não-psicóticas ouvirem essas vozes, mas elas não os incomodar.

Um passado traumático pode predispor as pessoas a ouvirem vozes, como se fossem um efeito a longo prazo do trauma. Nesse caso para o tratamento é preciso fazer uma psicoterapia.

Bom ano

Distante da namorada

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Boa noite...
Espero que esteja tudo bem com você...
Eu vim por este meio pedir ajuda...
Estou num relacionamento há 4 meses quase 5, a nossa relação é a distância... Eu tenho 21 anos e ela tem 17... Eu tenho medo disso até, da nossa diferença de idades, que pensem errado, ou que pensem sobre pedofilia... Mas eu não sou assim e até sou muito contra isso... Pelo contrário, eu amo-a de verdade, ela faz me faz sentir único, desejável, faz-me sentir muito bem mesmo, o sorriso dela me encanta a toda a hora, mas a questão nisto nem é isso... Eu sinto falta dela perto de mim... Eu sou de Portugal... Moro perto de Setúbal... E ela é de Santiago, perto de Seia (Serra da Estrela)... Eu tenho pouco dinheiro, sem possibilidades de conseguir visitá-la e ela está na guarda dos pais e ainda é menor então ela também não me consegue vir visitar e também nem eu me sentiria bem que ela viesse sozinha ou mesmo que viesse gastar o dinheiro que necessita para os seus estudos, alimentação etc...
Eu preciso de uma solução para conseguir visitá-la, ter o nosso primeiro encontro... Sim nunca estive pessoalmente com ela e penso nisso a toda a hora... Já sofri muito no meu passado, já perdi muitas pessoas que amava no passado, maior parte pela distância e eu não quero perder ela também, ela é demasiado importante pra mim, eu quero estar com ela pessoalmente, nem que seja 1 vez por mês, mas quero poder abraça-la, dar-lhe mimos e carinho que ela bem merece e precisa, eu preciso de ajuda pra conseguir estar com ela, ou tenho medo que a nossa relação não resulte por conta da distância 😪 eu não quero perdê-la, por favor, me ajude a encontrar solução, eu não sei o que fazer 😪 ela é tudo pra mim 😪 preciso dela perto de mim, custa muito estar longe dela e não ter forma e nem dinheiro pra poder ir visitá-la me está a consumir e a matar aos poucos, eu tenho depressão e estou a começar até a me sentir pior, me ajude por favor 😭💔

 

Caro leitor,


Se quer encontrar essa jovem precisa encontrar uma solução viável. Se não consegue sozinho, peça ajuda a alguém, a um amigo, a alguém da sua família ou procure alguém que vá para Santiago e peça uma boleia ou guarde algum dinheiro para ir visitá-la, enfim encontre uma maneira de ir.
É preciso ter paciência e não se desesperar. Sem conhecer pessoalmente essa pessoa, não pode ter certeza que seja a sua alma gémea e pode ser que seja diferente da pessoa que imagina e portanto melhor manter a calma, não se precipitar e não ficar doente pois pode por tudo a perder.


Procure manter a sua sanidade mental, só assim vai conseguir encontrar maneira para encontrá-la. Entretanto pode sempre se comunicar com ela virtualmente.


Segundo o filósofo Zygmunt Bauman “Uma vez que damos prioridade a relacionamentos em "redes", as quais podem ser tecidas ou desmanchadas com igual facilidade — e frequentemente sem que isso envolva nenhum contato além do virtual —, não sabemos mais manter laços a longo prazo.
Fique bem

Razão para lutar

 

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Tenho 18 anos, depois de dois incidentes traumáticos na minha vida perdi a razão de continuar a lutar pelos meus sonhos e pela minha vida, não tenho vontade de fazer coisas que antes realizava com alegria, como ler, estudar e sair de casa. Hoje é preciso um grande reforço pra fazer o mínimo, como ir ao curso técnico, perdi a vontade de me arrumar, de sair de casa, tenho dificuldades de socializar e as vezes penso que seria melhor se eu não tivesse nascido, que tudo dá errado e que as pessoas não gostam de mim e só me suportam por dó, só não acabei com a minha vida porque não consigo e imagino o desgosto que daria pra minha família se fizesse isso.

Cara Leitora,

Está a passar por uma fase de depressão, provavelmente relacionada aos incidentes traumáticos que sofreu no passado que não elaborou e que a levam a ver tudo muito negativo e sem esperança.

Para que possa superar é aconselhável ter um acompanhamento psicológico que a ajude a refletir sobre tudo o que aconteceu e a modificar a sua atitude presente.

Procure ajuda. Confie em si e no seu poder de encontrar uma solução e um tratamento confiável para o seu caso. Ao seu lado há pessoas que a amam muito.

Comece por apreciar as pequenas coisas da vida e anime-se para encontrar novas soluções para os seus problemas.

Apatia emocional

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Eu estou em uma situação que as vezes parece surreal pra mim, não consigo aceitar o fato de que isso está acontecendo comigo. Mais ou menos no fim de 2017 comecei um tratamento com o Roacutan 20mg, porém não fui muito longe, tomei por uns 2 meses e tive que interromper o tratamento por conta que estava sendo super agressivo ao meu fígado, e por coincidência no fim do ano de 2017 e no começo de 2018 comecei a me sentir meio estranho (minha suposição que tenha sido o Roacutan por relatos de problemas psicóticos, como depressão) mas na época eu não tinha percepção disso, parei de fazer as coisas que eu gostava, e aos poucos os sintomas foram piorando, eu senti que tinha algo muito diferente comigo, a primeira percepção foi que eu estava menos sensível com as pessoas, não conseguia me apaixonar tão fácil nem me apegar a ninguém (coisa que acontecia super rápido e fácil), para mim foi super estranho pois eu sempre fui muito sensível emocionalmente, e com isso foi piorando, depois eu estava me sentindo desconexo do mundo, como se eu não estivesse mais conectado com a vida, com as coisas, com a natureza, a minha essência, minha energia interna estava se apagando, e foi piorando cada vez, mais e mais, tive sintomas de depressão, cheguei a um ponto que não aguentava mais nada, não conseguia conversar com as pessoas, queria ficar isolado, sentia vontade de chorar, só queria dormir e viver no meu mundinho deitado na minha cama assistindo algo que tomasse o meu tempo. Nada mais me dava prazer, nem mesmo sexo, tudo na Minha vida perdeu o sentido, meu mundo estava preto e branco, como se eu estivesse vivendo no automático, só existindo.

 

Fiz um tratamento com antidepressivo por uns 6 meses, aliviou muito meus sintomas, consegui botar minha cabeça no lugar, e sempre tentando achar uma luz no fim do túnel, porém, tudo isso me deixou muitas sequelas, hoje em dia eu estou "bem" porém perdi totalmente o meu lado emocional, me tornei uma pessoa opaca, fria, sem sentimentos, sem motivação, sem vontade de viver sabe? Eu não consigo mais sentir minhas emoções, nem alegria nem tristeza, não tenho mais adrenalina assistindo aquele filme de ação ou aventura, ou até mesmo escutando aquela música empolgante, não consigo amar nada nem ninguém, nem mesmo minha família nem namorada, não consigo sentir amor, nem paixão, é triste, não consigo sentir até mesmo prazer em um beijo, sabe aquela liberação de endorfina ?

 

Isso não acontece mais comigo é como se eu estivesse beijando uma parede, também perdi a minha fé, minha crença, não consigo ter empatia, perdi o respeito pelas pessoas, não consigo levar mais nada a sério, não estou mais nem aí pra nada, se der certo deu, se não der não deu, se morrer morreu, me afastei de todas minhas amizades, e não sinto falta de ninguém, eu preciso ao menos entender o que está acontecendo, ninguém me ajuda, ninguém tenta me entender, eu me sinto sozinho e sufocado.

Caro leitor,

uma das raras reacções adversas do roacutan é a depressão, pode ser que o início da depressão esteja relacionada coma medicação. De qualquer maneira os sintomas que sente precisam ser tratados e para isso é preciso trabalhar o seu estado emocional.

A apatia clínica é considerada depressão no nível mais moderado e diagnosticada como transtorno dissociativo da identidade no nível extremo. O que eu sugiro é que espere mais um tempo para verificar que não seja uma fase passageira e caso a situação se mantenha procure ajuda de um terapeuta para poder falar sobre as coisas e perceber o que está por trás dessa sua falta de motivação.

Entretanto procure socializar: procure encontros com amigos, retome atividades que eram sinônimo de alegria para si, retome hobbies antigos e volte a lugares que costumava visitar. Procure encontrar onde foi perdida a conexão com a  felicidade e tente restabelecer esse elo, voltando a ter uma vida ativa. 

A socialização é o processo que permite a cada indivíduo desenvolver a sua personalidade permite a sua integração na sociedade, o que o irá ajudar a sair desse “bolha” de apatia emocional.

 

 

Memórias esquecidas

 

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Olá. Vi sua página e gostaria de orientações.

 

Meu pai já é falecido e minha mãe foi diagnosticada há pouco tempo com esquizofrenia paranóide. Depois desse ocorrido com ela comecei a me perguntar se ela já mostrava sinais da doença e nunca percebemos e descobri que não me lembro nada de minha infância e início da adolescência. Me lembro de algumas pequenas coisas que hoje acho que me causaram traumas como medo de altura e medo de piscina/mar. Cai de um escorregado muito alto e quase morri afogada em uma piscina. Pensei em procurar uma terapia de regressão. Será que se eu conseguir lembrar eu consiga entender o que acontece e consiga lidar melhor com minha depressão? Agora estou medicada mas tive uma crise depressiva e fui descobrir que minha depressão veio desde a morte de meu pai a 3 anos. Os sentimentos sempre foram de solidão e tristeza profunda que refletiram no meu corpo físico causando dores e sempre com diagnósticos negativos. Tudo era da depressão.

Mas porque não lembrar? Não me lembro de sentar a mesa com meus pais para almoçar. Não me lembro de momentos de carinho e diversão. O pouco que lembro classifico em 2%. Os outros 98% sumiram da minha memória. Queria sua opinião sobre isso e se seria válido a terapia de regressão. Obrigado.

 

Cara leitora,

A esquizofrenia paranóide tem fator hereditário, parentes de 1º grau devem ser acompanhados.

Eu aconselho:

  • Bom ambiente de suporte
  • Técnicas de recuperação de memória (como hipnose)
  • Psicoterapia

Ambiente de suporte

Os médicos começam o tratamento ajudando as pessoas a se sentirem seguras e confiantes, por exemplo, ajudando-as a evitar traumas posteriores. Se as pessoas não têm razão urgente aparente para recuperar a memória de um evento doloroso, esse tratamento de suporte pode ser tudo o que é necessário. As pessoas podem se lembrar gradualmente das memórias perdidas.

Técnicas de recuperação de memória

  • Hipnose

Preencher todas as lacunas da memória contribui para o restabelecimento da continuidade em relação à identidade pessoal e do senso de self.

Psicoterapia

Assim que a amnésia for solucionada, a psicoterapia contínua ajuda as pessoas nos seguintes aspectos:

  • Compreender o trauma ou conflitos que causaram o transtorno
  • Encontrar meios para solucioná-los
  • Evitar traumas futuros, se possível
  • Seguir com suas vidas

Um abraço

Mariagrazia Marini