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Consultório de Psicologia

Espaço de transformação com a finalidade de orientar, ajudar, esclarecer dúvidas e inquietações. Encontre equilíbrio, use sua criatividade e deixe fluir sua energia. Mariagrazia Marini Luwisch

Consultório de Psicologia

Espaço de transformação com a finalidade de orientar, ajudar, esclarecer dúvidas e inquietações. Encontre equilíbrio, use sua criatividade e deixe fluir sua energia. Mariagrazia Marini Luwisch

Esquizofrenia

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Olá, Dra.

Meu nome é P. e tenho 20 anos. Gostaria, se possível, de sua ajuda, porque tenho medo de falar com meus pais e causa-los apreensão.

 

Bom, eu tenho MUITA coisa pra falar e não sei nem por onde começar, mas tentarei.

 

Eu sempre fui uma criança saudável, nunca reclamei da minha saúde nem tinha preocupação com ela quando criança, sempre brinquei, me diverti bastante e tudo mais. Nunca demonstrei nenhum sinal de loucura quando pequeno, não ouvia/ouço vozes, não via/vejo coisas e nem tinha mania de perseguição. O tempo foi passando, amadureci e no momento sou estudante de medicina. Reconheço que no momento sou um pouco hipocondríaco, qualquer coisa já penso que é algo sério. Dor no tórax?

Enfarto ou embolia pulmonar. Dor no estômago? Possivelmente úlcera. Câncer? Penso que talvez tenha e não sei. Bem, até o momento isso não me incomodava, tinha esses pensamentos mas depois esquecia e melhorava. O que vem agora é o que mais me perturba e inclusive tenho até um pouco de vergonha em falar isso do tanto que é absurdo e estranho, chega até a ser engraçado, creio eu. Quase que junto com a minha hipocondria, eu desenvolvi uma espécie de conflito com a minha cabeça. Por exemplo, um dia eu pensei sobre a minha respiração e até hoje às vezes tenho de respirar no manual.

Outro dia eu pensei como seria uma pessoa que não saberia engolir, e adivinhe: desenvolvi uma espécie de dificuldade pra engolir, mas que agora já não tenho mais isso, passou. Ou seja, sempre que penso sobre alguma coisa, parece que minha mente faz com que ocorra em mim e tento lutar contra isso e isso é bem desagradável. Isso foi evoluindo e chega até hoje, que é onde eu quero chegar com este e-mail.

Depois que eu comecei a cursar medicina, minha hipocondria de certa forma tinha piorado, tudo era preocupação com meu coração, estava neurótico, mas não a ponto de me inutilizar ou me impedir de fazer minhas tarefas, neurótico que falo no sentido de todos os dias pensar nisso e inclusive pesquisar na Internet. Até que um dia, tive uma vertigem bem rápida, mas que pra mim ela não tinha passado e fiquei pensando nela, olhava para os lados ou movimentava minha cabeça para de certa forma verificar se a tontura realmente tinha passado, só que isso evoluiu para uma preocupação constante, do tipo preocupação mesmo, como o que uma pessoa sente antes de fazer uma prova de vestibular, por exemplo, aquele frio na barriga, enjoo, não sentir fome, essas coisas. Foi uma crise tão forte que achei que estava enlouquecendo ou que estava em depressão, já que até um pouco mal-humorado eu estava. Pesquisei um pouco na Internet, eu vi que isso poderia ser ansiedade, então de certa forma fui me acalmando e depois de uns 4 dias já estava bem melhor em comparação a antes. Só que aí, peguei uma virose grande, que me fez ficar preocupado novamente, só que dessa vez, eu comecei a me sentir mais estranho, como se o mundo em que eu vivesse estivesse estranho, não sei explicar bem, mas era como se eu fosse um personagem de um jogo, por exemplo. Fui pesquisar outra vez na Internet e vi que isso TALVEZ fosse despersonalização, coisa que segundo a Internet acontece com quem tem crise de ansiedade ou síndrome do pânico, então eu pensei que realmente era ansiedade, mesmo. Parece que tudo está resolvido, não é?

Mas não. Um dia, navegando pela Internet, fui ler novamente sobre despersonalização e acabei por ver que isso também poderia ser sinal de esquizofrenia. Pode adivinhar o que aconteceu? Comecei a pensar: "será que estou com esquizofrenia?" PRONTO. Isso me bastou para que eu ficasse preocupado outra vez, e desde então (faz uns 3 dias) penso que qualquer coisa que acontece comigo é um sinal de esquizofrenia. Estou de certa forma, vigilante. Fico constantemente olhando para os lados na angústia de ver coisas, fico olhando para ver se já estou tendo alucinação visual, qualquer som que escuto fico na apreensão de ver o que é para saber se já estou ouvindo coisas que não existem. Estou tão preocupado, que quando passo rápido por alguma coisa, como um reflexo, por exemplo, já acho que estou vendo coisas.

 

Vê como sou perturbado? Estou ficando louco de vez, não é? Tenho medo de perder o controle e ficar insano de vez. Novamente, fiz buscas na Internet e alguns sintomas da esquizofrenia parece-me que são comuns. Não sei se a senhora Dra. acredita em Deus, mas eu sempre acreditei mas não era do tipo fiel, as vezes parecia até que estava virando ateu por não dar muita importância. Mas depois da minha primeira crise de ansiedade (aquela antes de que eu achasse que era esquizofrenia) eu fiquei muito mais próximo de Deus e da religião, para pedir ajuda a superar essa situação. Esses são sintomas iniciais da esquizofrenia, não é? Se preocupar com religião e ter crise ansiosa.

 

O que me deixa mais angustiado, é que transtornos mentais acompanham minha família, como Alzheimer e a esquizofrenia, mas ninguém nunca foi para um hospício, cada um vive sua vida mas sabemos que cada um tem alguma característica que não achamos normal.

 

Dra., eu não sei mais o que fazer, estou louco de vez? Estou esquizofrénico de vez? Tenho medo de não ser mais como era antes, tenho meso de mudar totalmente para uma pessoa louca. Me perdoe pelo tamanho do texto, mas pelo menos achei uma forma de desabafar com alguém.

 

Obrigado, de coração.

 

PS: Não estou vendo coisas ou ouvindo vozes, mas fica naquela apreensão de a qualquer momento começar a ter essas coisas.

 

Caro P.,

Não está ficando louco e nem esquizofrénico. Provavelmente sofre de ansiedade e está a passar crises hipocondríacas e tudo que lê ou estuda ou vê ou ouve é motivo para sentir em si. Hipocondria e ansiedade andam de mãos dadas. O hipocondríaco sofre com ansiedade e assim tende a aumentar cada sensação corporal normal a ponto de considerar que algo não vai bem.

 

A patologia mental depende da quantidade. Todos nós temos alguns traços das diferentes patologias e nem por isso somos loucos. A doença está em relação com a quantidade. O doente é aquele que tem traços patológicos em excesso que o prejudicam e o impedem de viver uma vida normal.

 

O melhor será se puder ter um acompanhamento psicológico para se compreender melhor e para mudar certas crenças infundadas que prejudicam a sua vida. O que precisa é alguém para falar seus problemas e alguém que o ajude a esclarecer, confirmar ou retificar, clarificar, interpretar, bem como o ajude a identificar recursos pessoais e sociais sobre os quais se possa apoiar para resolver o seu problema.

Confie em si, na sua força e motivação interior para mudança e tratamento.

Um abraço

Adolescente viciado em computador

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Meu filho tem 16 anos e a vida dele é o computador. Não sai de casa pra nada, não vive a vida como outros adolescentes da idade dele. Não sei mais o que fazer. Já falei tanto mas não consegui nada.

 

Cara mãe,

a dependência de computador está a tornar-se um fenómeno preocupante por todo o mundo. Quando este comportamento se torna compulsivo, substituindo atividades saudáveis e produz alterações importantes de comportamento é preciso que os pais saibam colocar limites de tempo de uso do computador e em substituição oferecer um programa mais prazenteiro. A atitude dos pais precisa ser amigável mas firme e convincente, sem se deixar envolver por chantagens ou súplicas.

 

Em 80% dos casos os adolescentes têm outros problemas psíquicos associados à adição à net, como depressão, ansiedade, hiperatividade e défice de atenção. As vítimas de dependência perdem cada vez mais tempo a navegar, em prejuízo de boa parte da sua vida afetiva, laboral e social o que pode se tornar um grave problema futuro. O computador oferece recompensas imediatas que surgem de modo intermitente o que favorece o surgimento do vício. O importante é não deixar que esse problema acabe com a vida real do adolescente.

 

Como a maioria dos pais não conseguem lidar com o tempo que os filhos estão agarrados ao computador é indicado encaminhar o seu filho a uma consulta de psicologia para que possa ter um acompanhamento psicológico e para que os pais também possam receber uma orientação.

 

Adolescente síndrome de pânico

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Meu filho tem 14 anos e ainda dorme no meu quarto e agora está pensando que eu vou morrer e chora

Obs: ele joga muito jogos violentos no computador e já foi assaltado quando tinha 12 anos passado um mês foi diagnosticado com síndrome do pânico o que pode estar acontecendo agora?

 

Cara mãe de adolescente,

 

Seu filho está a sofrer as consequências por excesso de jogos violentos no computador, agravado com trauma por ter sido assaltado.

Ele precisa voltar a sentir segurança e confiar nas pessoas e nele próprio. De qualquer maneira o primeiro ponto a começar é na independência dele conseguir dormir sozinho no próprio quarto e ao mesmo tempo diminuir o tempo de jogo no computador. Para tal vai precisar da sua ajuda. Dar alguns limites quanto ao tempo de uso do computador, aprender diferenciar entre fantasia e realidade e sentir que não é bem-vindo a dormir na sua cama.

 

A adolescência é um período que poderá revelar-se como uma fase do desenvolvimento humano particularmente complicada. É uma fase em que os adolescentes procuram a sua própria identidade e questionam as regras e limites impostos. Existe uma enorme instabilidade emocional, juntamente com a vontade de crescer rapidamente.

 

Para os pais é um desafio diário lidar com este turbilhão de emoções e comportamentos. Além de heróis, os pais têm um papel determinante na construção da identidade do filho. Inicialmente o adolescente não se identifica com os modelos parentais e pode revoltar-se contra eles, rejeitando o seu domínio. Esta rejeição é necessária para separar a sua identidade da dos pais. No adolescente há um aumento da fantasia como forma de compensar a insegurança que sente no mundo real e parece estar a viver num mundo próprio, o que torna difícil o diálogo com os pais.

 

O melhor seria se ele tivesse um acompanhamento psicoterápico para evoluir no sentido de se tornar independente e ao mesmo tempo responsável e alcançar os objetivos relacionados às expectativas culturais da sociedade em que vive. De qualquer maneira é preciso que também o ajude para que ele possa se tornar independente e possa crescer em maturidade. Fale com ele e negocie que ele vá dormir no próprio quarto, explique que ele já é um adolescente e que quanto mais se acostumar a ficar sozinho, melhor se sentirá.

Fale com ele sobre a morte e explique que vai morrer um dia, mas esse dia ainda está muito longe. Não se deixe influenciar pelas lágrimas, ele vai chorar alguns dias, mas vai passar.

 

Procure ser assertiva sempre com muita responsabilidade e amor e esteja sempre disponível para conversarem sobre qualquer assunto, incluindo drogas, sexo, doenças sexualmente transmissíveis, sem constrangimentos.

 

Um abraço

 

Crise existencial

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Eu não sei basicamente quando tudo começou mas foi do ano passado pra agora. Eu tenho passado por algumas crises emocionais, nunca sei o que estou sentindo ao certo e isso me angustia. Eu me sinto mal, ou não me sinto, ou não sei se sinto, não consigo sentir emoções profundas, não sei nem explicar como isso está acontecendo, apenas é mau e dói, todos os dias dói, eu quero chorar mas não consigo, eu quero sumir, quero isolar-me apenas, eu não aguento mais essa rotina e certas coisas que andam acontecendo.

 

Sabe, há um tempo atrás eu conheci alguém que me tirou dessa monotonia, parecia que finalmente as coisas voltariam a ser como antes, eu estava feliz, pela primeira vez em meses eu realmente me senti feliz com alguma coisa, mas algo deu errado no meio do caminho, e a pessoa me abandonou, e parece que agora voltou tudo pior, tudo, eu sinto vontade de chorar por isso mas não consigo e assim eu fico muito muito angustiada, está doendo muito, nada faz sentido, o mundo perdeu a graça faz tempo. 

 

Cara leitora,

 

Pode ser que esteja a passar por uma crise existencial.

A crise é justamente uma situação-limite, que pode levar a uma mudança. Diante do conflito existencial, a pessoa é levada a verificar seus verdadeiros sentimentos e pensamentos. No calor da crise, a pessoa pode descobrir que o seu caminho é dar oportunidade ao seu “eu verdadeiro” se expressar. O término da crise acontece quando a pessoa descobre que ela precisa encontrar o próprio caminho, sem depender de ninguém.

A superação da crise implica quase sempre no surgir de uma “identidade pessoalmente desejada”.

 

Se a pessoa for suficientemente verdadeira para consigo mesma, se conseguir olhar para a sua própria verdade e encarar o seu desejo, ao mergulhar fundo na sua crise existencial, seu verdadeiro eu vai se manifestar e triunfar.

 

Confie em si própria e deixe a sua verdadeira natureza florescer.

Se não conseguir sozinha procure ajuda de uma terapia para orientá-la e acompanhá-la nesse novo caminho.

 

Um abraço