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Consultório de Psicologia

Espaço de transformação com a finalidade de orientar, ajudar, esclarecer dúvidas e inquietações. Encontre equilíbrio, use sua criatividade e deixe fluir sua energia. Mariagrazia Marini Luwisch

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Medo de solidão e mudanças

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Meu nome é Patricia, eu tenho 42 anos e muito medo de mudanças e solidão. Me afligem ao ponto de paralisarem-me e eu perder totalmente a ação do dia-a-dia até para pequenas coisas. Não consigo ultrapassar isso e me sinto cada dia pior. Por favor me ajude.

 

Cara Patricia,

 

A solidão, apesar de ser algo sentido a um nível universal, é ao mesmo tempo complexa e única para cada indivíduo. A solidão não tem causa única comum, por isso, as prevenções e os tratamentos para este estado de espírito variam bastante de pessoa para pessoa.

A solidão não é necessariamente estar sozinho. Pelo contrário, é a perceção de estar sozinho e isolado.

 

De acordo com estudos realizados na Universidade de Chicago, a solidão está fortemente relacionada com a genética. No entanto, existem outros fatores que contribuem para a solidão, como o isolamento físico, a mudança para um novo local ou o divórcio. A morte de alguém importante na vida de uma pessoa também pode levar a sentimentos de solidão.

 

Além disso, a solidão também pode ser atribuída a fatores internos, como a baixa autoestima. As pessoas que não têm confiança em si mesmas, muitas vezes acreditam que não são dignos da atenção ou respeito de outras pessoas, podendo levar ao isolamento e à solidão crónica.

 

Algumas sugestões que o podem ajudar a superar a solidão:

 

– Permita-se aceitar que a solidão é um sinal de que algo precisa mudar;

 

– Compreenda os efeitos que a solidão tem na sua vida, tanto física como mentalmente;

 

– Considere fazer serviço comunitário ou outra atividade que goste. Estes contextos oferecem oportunidades para conhecer pessoas novas e cultivar novas amizades e interações sociais;

 

– Foque-se no desenvolvimento de relacionamentos com pessoas que partilham atitudes, interesses e valores semelhantes aos seus;

 

– Espere o melhor. Pessoas solitárias muitas vezes esperam rejeição, por isso, concentre-se em pensamentos e atitudes positivos nos seus relacionamentos sociais.

 

O medo sempre vem na hora da mudança, pareça ela boa ou não, mas não devemos permitir que ele nos pare, não podemos nos autossabotar, jamais desistir, ter sempre uma coragem maior que o medo, ter autoaceitação, autoconfiança, saber que somos capazes de vencer o que for necessário. Como a lagarta, não devemos cortar etapas, e sim, aceitar a metamorfose, sair da zona de conforto, vislumbrar e desbravar novos horizontes, cientes de que a cada queda é preciso recomeçar, e é possível, basta acreditar!

 

Um abraço

Trauma de infância

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Eu tenho 22 anos, estudante, solteira, gostaria de fazer um relato de uma situação imperdoável que aconteceu na minha infância, que até hoje me prejudica emocionalmente. Você pode ajudar-me?

 

Na época que eu tinha 12 anos, sempre ia na casa da minha prima para jogar vídeo game (fica bem na frente da minha casa, em certo momento, ela disse que precisava ir no supermercado e me deixou sozinha jogando lá, depois o marido dela chegou (eu me dava bem com ele naquela época), e começou a me acariciar e por fim, conseguiu o que ele queria. Voltei para casa imediatamente, apesar de estar ameaçada, chorei horrores de dor no banheiro, tomei banho para me acalmar e me limpar, sendo que minha mãe estava em um quintal lavando roupas e não me viu entrando, acabei não contando, após 4 anos, comecei a pensar que não adianta sentir um negócio ruim dentro de mim e acabei revelando para os meus pais. Eles ficaram em choques, tanto que infelizmente não tínhamos opções para provar o quanto isso foi injusto e cruel comigo. Até hoje, eu vejo ele em frente da minha casa e só sinto nojo e não tem nada para fazer para prova-lo. Porque eu só sinto nojo? Hoje sou uma pessoa muito fria. Não consigo demonstrar os meus sentimentos totalmente. Muita gente me julga até hoje o porque o meu comportamento é assim, frio/seco. Às vezes consigo demonstrar o quanto importo ou amo a pessoa, mas com o meu jeito diferente. Estou conhecendo alguém e estou com medo dele não gostar desse meu jeito... um pouco distante.

Hoje percebi que o que tem dentro de mim é o medo. O medo de passar por isso novamente, de ser tocada com força por amigo/namorado, qualquer pessoa. Gostaria de saber a sua opinião, o que faço para se livrar desse medo, desse trauma?

 

Se puder ajudar-me, aguardo a sua resposta. Desde já agradeço.

 

Cara jovem,

uma de abuso sexual pode manter as feridas até a vida adulta dependendo da sua intensidade ou de quanto a pessoa conseguiu elaborar a situação que passou. As sequelas de um trauma fazem com que o adulto acredite estar sempre desamparado, abandonado e solitário, tornando-se uma pessoa insegura, tímida e com medo de se aventurar na vida.

 

Quando a elaboração não ocorre é aconselhável procurar ajuda de um psicoterapeuta.

A psicoterapia fazer com que o adulto perceba que não é mais aquela criança inocente, submissa, indefesa e despreparada que acreditava ser. Junto com o terapeuta, o indivíduo traumatizado vai encontrar novos caminhos para redescobrir sua força, sua energia e sua vontade de viver. Para isso, é necessário que o trauma seja revivido não só com lembranças, mas com emoções e afetos correspondentes. É preciso retornar àquele lugar doloroso, mas com segurança não elaborada anteriormente. A terapia vai fazer com que o indivíduo organize aquilo que ficou fragmentado no decorrer da vida. As lacunas do viver serão preenchidas por pensamentos de confiança, tranquilidade, força e ousadia para se recolocar no mundo de forma ativa e positiva. O processo não é fácil, mas é possível.

 

Procure ajuda para elaborar o seu trauma e confie em si que vai conseguir ultrapassar e amar plenamente sem a sombra do passado.

Um abraço

O ciclo se repete

 

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 Me chamo R, tenho 38 anos e em todos os meus namoros tenho um comportamento evasivo após um tempo de relação. Começo a buscar defeitos, a criticar a parceira e dai o namoro fica desinteressante. 

 

Não entendo esse comportamento que tenho mas carrego a culpa de terminar essas relações com pessoas maravilhosas que sempre me deram carinho, respeito e atenção! Da minha parte ainda não sei ser parceiro e faço cobranças excessivas. E sinto também que tenho dificuldade de me dedicar a essa relação, deixando sempre brechas para conhecer outras mulheres.

 

E daí começo outro namoro, me empolgo no início e o ciclo se repete. A culpa e a falta de entendimento me incomodam. 

 

Que comportamento é esse? Parece que não consigo amadurecer como um adulto saudável, mesmo tendo consciência desse comportamento juvenil. Isso é constrangedor!

 

Ressalto que todas as namoradas eram pessoas do bem com famílias ótimas e tenho certeza de que existe algo em mim a ser desenvolvido. 

 

Obs: sou bem-sucedido na área profissional, mas na afetiva tenho dificuldade. 

 

Agradeço se puder ajudar-me a entender e a seguir em frente! 

 

Abraço

 

Caro R.,

A relação ideal não existe. Se for muito crítico vai, provavelmente, sempre chegar a: “ buscar defeitos, a criticar a parceira e dai o namoro fica desinteressante”.

A sua inconstância emocional pode estar relacionada à sua auto-estima e insegurança.

A psicoterapia pode ser de ajuda nesses casos para trabalhar o aumento da autoconfiança, potenciar a auto-estima e desenvolver a autonomia emocional.

 

Também pode ser que até o momento não tenha ainda encontrado “a sua alma gémea” ou seja nenhuma das relações foram importantes para criar consigo um vínculo duradouro.

 

A parte positiva é ter consciência disso e assim ter o cuidado de não deixar que esses sentimentos prejudiquem a sua vida. Procure cortar o ciclo quando se sentir confortável para tal.

 

Fique bem

Ouvir frase

 

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Olá Dra. Boa noite. Tenho uma pergunta tenho 46 anos e desde a minha adolescência escuto a mesma frase! Tá com saudades de mim?

A frase por si só me é estranha, porém não existe estado emocional nem lugar pra ouvir, a não ser pelo fato de que eu sempre estou só sem amigos ou familiares junto comigo. Às vezes, nem ligo, outra me encabula, porque de eu ouvir sempre esta pessoa me perguntando isso?

 

Cara Leitora,

Essa pergunta está dentro da sua mente. Muitas vezes, é uma alucinação auditiva interna. As alucinações auditivas seriam um sinal de que a “voz interior” está ocupada, cuidando das próprias necessidades.

Talvez signifique que esteja a sentir saudades de tempos passados ou esteja com saudades de alguém que não encontra há muito tempo. Tente perceber do que é que sente falta e se reaproximar. Pode ser que seja uma dica para preencher a sua solidão retomando amizades perdidas ao longo do tempo ou reaproximando familiares ou até mesmo esteja a evidenciar um afastamento da sua criança interior.

Tente algum movimento no sentido de se reaproximar de pessoas ou coisas que já fez e que deixou de fazer ou mesmo de cuidar de sua criança interior, que ajuda na alegria de viver!

 

Só podemos mudar algo quando conseguimos reconhecer alguns padrões em nossa vida.

 

"Em todo adulto espreita uma criança, uma criança eterna, algo que está sempre vindo a ser, que nunca está completo, e que solicita cuidado, atenção e educação incessantes. Essa é a parte da personalidade humana que quer desenvolver-se e tornar-se completa". (Carl G. Jung)