Transtorno de personalidade
Olá, doutora!
Encontrei o seu blog e acredito que possa me ajudar a identificar um perfil psicológico. Um amigo com atitudes que tem provocado muitos danos familiares, nas relações sociais e profissionais, mas não sei como agir para ajudá-lo. Por favor, me ajude! Vou descrevê-lo para que possa compreender.
O perfil é de um homem de 37 anos, casado (13 anos), com filhos, trabalhador e religioso. Porém, nada é o que parece. O casamento está deteriorado por uma atitude de indiferença e falta de diálogo (passam dias sem se falar). Casou-se sem estar apaixonado, apenas para cumprir um papel social. Trai a mulher constantemente em relacionamentos, em sua maioria, virtuais. Tem preferência por um tipo de mulher com traços físicos específicos (mesmo tom de pele, mesma cor de olhos e cabelos - sem nenhuma relação com as características físicas de sua mãe). Tem necessidade de conquistar emocionalmente essas mulheres, mas nem sempre chega a ter relações sexuais com elas e em todos os casos perde o interesse após conquistá-las. Tem necessidade e habilidade em criar apego e dependência emocional nessas mulheres, mas logo as trata com indiferença e desprezo.
Teve filhos no casamento (é afetuoso com a primogénita, uma menina, mas trata mal o segundo filho, um menino).
É mentiroso compulsivo e tem muita facilidade em persuadir e conquistar a confiança de outras pessoas. É muito atraente e se comporta com extrema dedicação quando deseja alguma coisa, incluindo o ambiente profissional. Tem facilidade em identificar o que os outros desejam e esperam dele e consegue fingir e interpretar com muita habilidade.
Tem necessidade de ser reconhecido, tem atitudes egocêntricas e narcisistas e não suporta ser contrariado e rejeitado. Apesar disso, tenho a impressão que ele não gosta de si mesmo e em algumas situações provoca reações que reforçam esse sentimento nos outros e nele mesmo.
Guarda ressentimento, mágoa e rancor. Tem tendência a se vingar. Não confia nas pessoas ao seu redor e vive sob uma perspectiva negativa das coisas e dos outros.
Altera sua postura e humor repentinamente, alterna entre um homem comunicativo e sedutor e um sujeito calado e observador.
Tem aversão a atitudes de afeto demonstradas por adultos e tem profunda desconfiança quando alguém demostra afeto por ele. Parece ter um certo ódio e raiva contidos e reprimidos.
É religioso por influência da família e desde pequeno foi educado de forma rigorosa por seus pais, mais especificamente a sua mãe. Cresceu em uma comunidade religiosa, apesar de ter assumido (apenas uma vez) não acreditar em Deus.
Atualmente foi demitido e rejeitado por uma amante e sua atitude tem sido de profunda apatia, desinteresse e indiferença a tudo e a todos. Seu comportamento tem causado danos aos filhos e a esposa. A menina (10 anos de idade) tem tido atitudes narcisistas e o menino (7 anos de idade) não demonstra afeto e não consegue se relacionar com outras crianças. Acredito que o ambiente familiar tem contribuído para tais comportamentos.
Quero ajudá-lo antes que seja tarde demais. Mas não consigo identificar o perfil, seria ele um sociopata, seria um transtorno de apego reativo vivido na infância, seria um transtorno de personalidade bipolar? Como posso ajudá-lo? Como posso orientar a esposa e influenciar de forma positiva a educação dos seus filhos?
Teria uma cura para tal personalidade? O que pode ser feito?
Cara leitora,
O seu amigo parece sofrer de um transtorno de personalidade. A principal complicação decorrente do transtorno de personalidade é o comprometimento grave da qualidade de vida do indivíduo, que passa a ter problemas em suas relações, na carreira profissional e em outros círculos sociais. Para ajudá-lo precisa motivá-lo a procurar ajuda especializada. Uma psicoterapia poderá ajudá-lo a desenvolver o lado emocional, bem como desenvolver estratégias de vida saudáveis.
A psicoterapia é essencial para dar maior estabilidade emocional, com sessões que visam aumentar a conscientização dos atos, comportamentos e ações para melhorar os relacionamentos interpessoais e a vida em geral.
Agora para tal é preciso que o seu amigo tenha consciência que tem problemas e que o seu comportamento não é saudável e poderá trazer-lhe agravamentos na sua vida.
Tudo de bom