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Consultório de Psicologia

Espaço de transformação com a finalidade de orientar, ajudar, esclarecer dúvidas e inquietações. Encontre equilíbrio, use sua criatividade e deixe fluir sua energia. Mariagrazia Marini Luwisch

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Enteada e desobediência

13.jpgBom dia!

O meu nome é João. Há 5 anos casei com uma senhora de nacionalidade russa (que agora já tem nacionalidade portuguesa). A minha esposa divorciou-se do ex-marido russo em 2006 e ficou com uma filha de 3 anos. O ex-marido da minha esposa nunca mais quis saber da mãe ou da filha, nunca ajuda para nada e nunca telefona. Em 2015 a minha esposa viajou para a Rússia para trazer a filha para vivermos os três juntos felizes em Portugal. Hoje a minha enteada tem 16 anos. Antes de viajar para Portugal a minha esposa passou por um processo em Tribunal para conseguir fazer sair a filha do país. A filha testemunhou em tribunal contra o pai. Já em Portugal a minha enteada abraçou-me e chorou no aeroporto na primeira vez que me viu na vida, tinha 12 anos.

Nos primeiros tempos (leia-se meses) em Portugal ajudei a minha enteada na aprendizagem do português, coisa que ela ainda não domina completamente claro, mas entende praticamente tudo que se fala com ela (encontra-se no nível B1). Desde o Verão de 2016 tudo começou a resvalar. Em 2016 depois de concluído o 7º ano com êxito (ao fim de 6-7 meses em Portugal) tudo começou a mudar para os mesmos moldes que continua ainda hoje. Apesar de eu lhe dar tudo e mostrar que me preocupo com ela, a minha enteada não me aceita e não me respeita.

E eu não sei como explicar como isto acontece e porquê isto acontece. Tudo passa pelas atitudes da minha enteada em relação a mim e à diferenciação que ela faz de mim em relação à mãe, e de um modo geral à rejeição da adaptação a Portugal. A minha enteada disse-me uma vez que o pai é um alcoólico e que ele nunca lhe ligou nenhuma, mas ao mesmo tempo ela não me trata por pai (e eu também não estou à espera disso), mas também nunca me confrontou no sentido de responder que eu não sou pai dela.

 

A minha enteada sente a escola como uma obrigação (é este o sentimento russo), mas desobriga-se de tudo o resto, ou seja, de um modo geral ela rejeita assumir as suas responsabilidades do dia-a-dia, e por isso ela quer fazer só o que quer e quando quer. Os traços que exemplificam o que se passa hoje da minha enteada para mim são: Desobediência, falta de respeito e atitudes de desafio e confrontação, tudo de um modo dissimulado e não objectivo. Ela quando desobedece faz silêncio e não responde, quando eu a questiono ela dá-me as costas e vai-se embora faltando-me ao respeito, outras vezes utiliza uma maneira especial na postura e no olhar como atitude de desafio, outras vezes simplesmente ignora-me. Agora deixe-me clarificar melhor as coisas.

A minha esposa trabalha nas estufas e muitas horas do dia está ausente. A minha esposa quando está em casa é ela quem conduz a educação da filha, eu sou apenas o observador e por vezes apenas relembro coisas que há para fazer, e quando isto é necessário eu falo com a mãe e não com a filha. Quando a minha esposa está em casa a filha obedece sempre à mãe embora a minha esposa tenha de repetir as coisas várias vezes, e a filha nunca faltou ao respeito à mãe. Quando estou eu e a minha enteada em casa sozinho os dois, tudo muda.

Tudo gira em volta da responsabilidade que a minha enteada não quer, principalmente porque a mãe não se encontra em casa. Estou apenas a falar das responsabilidades da minha enteada, do dia-a-dia em casa, no que concerne com a vida doméstica. Responsabilidades como sejam: lavar dentes, arrumar o quarto, arrumar coisas que desarruma, limpar coisas que suja, tirar uma coisa do sítio e voltar a pôr no sítio, e outras coisas. Uma vezes ela faz outra vezes não faz, e quando lhe convém utiliza a mentira.

 

Quando se passam coisas mais graves em relação a mim, a minha enteada usa a mentira e o choro no diálogo com a mãe. Ela diz que não faz nada mal, chora para a mãe e diz que não aguenta. A minha enteada foge às responsabilidades quando está comigo, faz-se de vítima e imputa a responsabilidade das situações criadas a mim. Eu penso que há falta de diálogo, mas diálogo são.

A minha esposa diz à filha para fazer as coisas quando ela não está em casa, e a filha responde que sim, mas volta a repetir-se sempre as mesmas coisas quando a mãe não está em casa. Eu não bato na minha enteada, nem grito e nem falo mal, mas estou a interiorizar um estado nervoso cada vez mais periclitante porque ela desobedece-me e desrespeita-me, e experimento muitas vezes estados de depressão, e não sei o que fazer. A minha esposa está no meio desde triângulo e acredito que esteja a sofrer, mas acho que ela tem de moderar um diálogo entre nós os três. Temos de nos encontrar algures no meio para equilibrar a nossa relação, mas eu não sei exatamente como fazer isto, porque a minha esposa tem uma carateristica mais indulgente e permissiva, e eu sou mais por uma autoridade efetiva. Tentamos implementar regras simples em casa, mas a minha esposa nunca fiscaliza o cumprimento destas regras, umas vezes sim e outras não. Agora, desde uma das últimas situações criadas, eu bloqueei e evito a minha enteada, não falo com ela nem respondo. A minha enteada desobedeceu-me no supermercado, fingiu que não me ouviu com todos a olhar, eu fiquei a falar sozinho e a minha enteada ignorou-me, envergonhando-me em público. Para a minha enteada não se passou nada e portanto age normalmente. Para mim, dói que a minha enteada não assuma que agiu mal e peça desculpa. Ela não gosta de pedir desculpa porque acha que não faz nada de mal. Noutras situações quando a mãe fala com ela, ela inventa desculpas, mas a mãe pede para ela vir ter comigo e pedir desculpa, e ela pede-me desculpa. Ela obedece à mãe e pede desculpa mas para ela não tem qualquer significado porque ela não reconhece ou não quer reconhecer que fez alguma coisa mal.

 

Ontem à noite, a minha enteada deixou coisas sujas na sala de jantar e na cozinha, e eu alertei a minha esposa para este facto. A minha enteada andou a fingir que limpava as coisas por 4-5 vezes, e depois a minha esposa stressada perguntou o que faltava limpar mais… depois a minha esposa foi para o nosso quarto, apanhou a almofada e foi para o quarto da filha dormir com ela, e eu dormi sozinho. Eu não entendo o que significam estas atitudes. Eu não sei o que fazer e peço a sua ajuda se me puder aconselhar.

Obrigado.

Caro João,

Lidar com uma enteada é complicado. Lidar com uma enteada adolescente é mais ainda.

Vai ser preciso muita paciência e ter consciência que não sendo o pai, a sua enteada poderá contestar ainda mais a sua autoridade. Ao mesmo tempo é preciso manter limites e regras na casa bem como uma disciplina saudável para que tudo funcione e para a educação dela.

Desobediência e atitudes de desafio e confrontação são características do adolescente que muitas vezes tenta não cumprir regras e contestar. O que não pode permitir é a falta de respeito, mas também tente não ser muito rígido ao avaliar a falta ao respeito e o ultrapasso dos limites.

 

Portanto use disciplina consistente como substituto para severidade inconsistente. Aprenda a dar ordens claras e negociar compromissos. Proponha prémios quando cumprir, faça seus pedidos sempre de maneira positiva ao invés da negativa para motivar o bom desempenho.

Procure não fazer comparações desfavoráveis em relação às outras adolescentes, para não levantar rancores ou abaixar a sua autoestima. Sempre elogiar quando cumprir. É muito importante a maneira como os genitores lidam coma filha, para poder ajudá-la a crescer saudavelmente e interiorizar as regras e valores para a vida.

É também de suma importância que ambos os genitores estejam de acordo na disciplina e regras exigidas, portanto tentem entrar em acordo num equilíbrio saudável: nem tanta permissividade nem tanta rigidez.

 

Não é bem que ela não o aceita como padrasto, provavelmente tenta ultrapassar limites como toda a adolescente e ao mesmo tempo avalia os valores. Psicólogos dizem que o adolescente é aquele que odeia quem ama. Talvez seja oportuno ler algum livro sobre a psicologia do adolescente, pois esta é uma época complicada para os genitores e para os filhos.

Limites são necessários para a ajudar na segurança do adolescente. Combine com a sua esposa para que ambos atuem em conjunto para dar limites à filha e manter as regras e a disciplina.

Para a filha o que poderá ajudar é praticar algum desporto.

 

Com calma, paciência e amor, certamente obterá resultados satisfatórios.

 

 

Medo de morrer

12.jpgBoa noite,

eu tenho medo de morrer e esquecer dos meus amigos perder minha família, perder o meu progresso nesse mundo.

Eu me pergunto qual é o sentido disso tudo, mas infelizmente não encontro resposta.

Meu medo em si não é de morrer, mas sim de deixar esse mundo.

Realmente preciso de ajuda, para acalmar.

Caro leitor,

O medo da morte pode estar relacionado a traumas vividos e também ao peso que ela transmite. Geralmente não somos educados para entendê-la com serenidade.

A morte e tudo o que se relaciona com ela é pouco falada A pior atitude dos adultos é a do silêncio, que se apoia na convicção errónea de que se a morte não for muito falada, o impacto emocional desse acontecimento se dissipa mais rapidamente. Pelo contrário, é preciso falar no assunto.

 

O tratamento é a Psicoterapia, onde o problema presente é analisado através de situações do passado não resolvidas. Meditação e exercícios de respiração também podem entrar no tratamento como terapias auxiliares.

 

Entretanto procure confiar em si e aproveitar a vida vivendo o momento presente com entusiasmo e motivação.

Tudo de bom