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Consultório de Psicologia

Espaço de transformação com a finalidade de orientar, ajudar, esclarecer dúvidas e inquietações. Encontre equilíbrio, use sua criatividade e deixe fluir sua energia. Mariagrazia Marini Luwisch

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Adolescente e fetiche

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Boa tarde,

 recentemente deparei me com um problema gravíssimo no meu ponto de vista, um rapaz com 16 anos que conheço há 9 anos e que passou muito tempo em minha casa durante o covid, ele é sobrinho de uma amiga, e sempre foi mui carinhoso chama-me de tia e ao meu marido de tio, ele tem vindo a confidenciar em mim sobre um fetiche que ele tem desde há 4 anos, o que para mim não é nada normal uma criança ter um fetiche.

A mãe dele praticamente abandonou-o e também a outros irmãos desde muito pequenos sendo criados pela avó! Eu tentei lhe dizer que não era a normal e que ele deveria falar sobre o fetiche com a mãe e que também só tinha atração por mulheres bem mais velhas, ele disse que estava a ir a um terapeuta, eu não achei que deveria intervir e falar com a mãe pois não tenho contacto com ela e conheço pouco e nem tenho gosto em conhecer alguém que abandona filhos!

Por várias razões só tenho falado com o meu marido e não com a tia dele, pois tenho medo que me culpem a mim, mas o miúdo dizia que eu era como uma mãe para ele e que lhe dava os melhores concelhos etc.

Hoje mandou-me uma mensagem que fiquei sem saber o que dizer, pois, diz estar apaixonado por mim, que gostava muito de casar comigo etc.

Eu tenho 53 anos ele vai fazer 16 ou 17 este mês, não sei o que fazer como lidar com esta situação, não sei onde procurar ajuda para ele, pois não quero que isto vire um problema no seu futuro, eu acho que ele procura amor de mãe e confunde as coisas.

Eu quero ajudá-lo, mas não sei como, mas também não quero cortar o contacto pois sei que não tem mais ninguém que o ouça sem criticar e tente ajudar.

Será que, por favor, me poderia dizer qual a melhor maneira de eu lidar com esta situação e poder ajudá-lo?

Muito obrigada

Cara leitora,

Na adolescência, é comum os jovens confundirem sentimentos de afeto, admiração e necessidade de cuidado com atração amorosa ou sexual. No caso deste rapaz, que tem um histórico de abandono materno e carência afetiva, é muito provável que o vínculo que construiu consigo represente a figura de acolhimento e segurança que ele não encontrou na mãe.

Isso pode explicar por que ele diz estar apaixonado ou querer casar consigo: trata-se mais de uma busca por amor e pertencimento do que de um desejo maduro de relação.

Para lidar com a situação:

1 Estabeleça limites claros e firmes

É fundamental dizer a ele, com carinho, que compreende os sentimentos dele, mas que não existe possibilidade de relação amorosa ou sexual entre vocês.

Explique que o que sente é comum em jovens, mas que faz parte de uma confusão natural da idade e que com o tempo ele aprenderá a diferenciar afeto, amizade e atração.


2 Mantenha o vínculo de cuidado

Ele precisa sentir que não foi rejeitado. Pode continuar a ser uma figura de apoio, mas apenas no lugar de adulta de confiança, nunca de confidente íntima em questões sexuais.

Valorize as qualidades dele, incentive os estudos, interesses e amizades com pessoas da idade dele.


3 Proteja-se e proteja-o

Evite encontros a sós que possam gerar interpretações erradas.

Compartilhe com o seu marido o que acontece, para não carregar esse peso sozinha.

4 Incentive a continuidade da terapia

Esse é o espaço adequado para ele elaborar essas questões. Reforce a importância de falar sobre seus sentimentos no processo terapêutico.