Suicídio (Baleia-Azul)
O jogo "Baleia Azul" terá surgido na Rússia. Hoje em dia, está disseminado por vários países, entre eles França, Inglaterra, Roménia, Espanha, Portugal e também Brasil. O jogo funciona à base de pressão emocional. É composto por cinquenta desafios “absurdos” diários que devem ser completados no final de 50 dias e inclui mutilação de partes do corpo, filmes de terror e atividades praticadas durante a madrugada. Uma das premissas do jogo é que se deve jogar até ao fim, sem desistências e sem contar a ninguém. Este jogo acaba por ser, na realidade, um incentivo ao suicídio, já que além de envolver automutilação, o último desafio é uma provocação mortal: “Tira a tua própria vida”. O propósito final do jogo é levar os jogadores a cometerem suicídio.
Os mentores são as pessoas responsáveis por introduzirem os jogadores, a maior parte jovens, nos desafios “Baleia Azul”. Enviam mensagens diariamente com o desafio do dia e asseguram-se, pedindo fotografias ou vídeos como prova, de que os desafios sejam cumpridos. Os mentores dizem ter em sua posse todas as informações do jogador, como o local de residência e quem são os seus familiares, informações que são usadas como ameaça no caso de o jogador querer desistir.
Os mentores, aliciam, acompanham, coagem e ameaçam os jogadores até ao desafio final e conseguem, assim, entrar na mente dessas pessoas a ponto de elas fazerem o que eles mandam e perderem a noção de perigo
O nível emocional da quem se deixa envolver é de alguém que se encontra fragilizada, que está em grande sofrimento psicológico ou com alguma ideia de suicídio já em mente. É um jovem vulnerável, com um nível emocional debilitado, tem um comportamento depressivo, com baixa autoestima, dificuldade de relacionamento, passando por um momento de crise, sofrendo com angústias e inquietações. A automutilação é uma forma de expressar todo esse sofrimento, substituindo uma dor psíquica indefinida por uma dor física localizada.
Os jovens devem ter o cuidado quanto aos riscos de adicionar desconhecidos nas redes sociais e não participar de jogos desconhecidos.
Os sinais que indicam que a pessoa possa estar a participar a esse tipo de jogo são:
- mutilações na palma da mão
- assistir filmes de terror ou psicadélicos com frequência
- mutilações nos braços , cortes grandes com desenho de baleia ou de qualquer outro animal
- desenhos de baleia
- post em redes sociais com dizeres“#i_am_whale” (eu sou baleia)
- sair de casa em horários estranhos
- cortes nos lábios
- furos nas mãos com agulhas
- arranjar brigas
- evitar conversar durante muitas horas
Há ainda outros sinais de risco exteriores como a sensação de desesperança, ansiedade intensa, autodesprezo, apatia, tristeza intensa, comportamento impulsivo e mudanças rápidas de humor.
As pessoas não devem entrar no jogo, por ser um jogo misterioso e perigoso, que vai num crescendo, espalha o medo entre os jovens e pode conduzir ao suicídio adolescentes que se encontrem vulneráveis.
É preciso precaução, pais e professores, devem escutar os jovens e permitir que eles se abram. O espaço familiar acolhedor dá segurança ao adolescente, fortalece a sua autoestima e faz com que se sinta acolhido em seu sofrimento. É preciso passar a mensagem: "conte comigo sempre”.
É preciso desenvolver empatia e compaixão pelos adolescentes e tentar nos aproximarmos deles com intimidade, sem invadir sua privacidade, para dialogar sem moralismos, ouvir com atenção e interesse o que dizem abertamente e aprender a ler o que dizem nas entrelinhas
O ideal é que o jovem possa conversar com um adulto: pais ou professores, para que possa ser orientado e ajudado a sair desse esquema. Os jovens e adolescentes querem e precisam a presença do adulto verdadeiramente interessado na vida deles que o escute. É preciso incentivar o diálogo e o debate no seio da família sobre os assuntos relacionados com a segurança, perigos e privacidade na internet.
É importante estar alerta e, se for o caso, denunciar pelo facebook dizendo que é um conteúdo violento e prejudicial, através do whatssap quando o curador entra em contato, ou diretamente na polícia.
É preciso também:
- Reforçar a supervisão e monitorização da atividade das crianças e jovens na internet e redes sociais.
- Alertar as crianças sobre os riscos de adicionar desconhecidos e recomendar que apenas a família, amigos e pessoas da escola façam parte da sua lista de amizades nas redes sociais.
- Incentivar o diálogo e o debate no seio da família sobre os assuntos relacionados com a segurança, perigos e privacidade na internet.
- Caso haja alguma suspeita, os pais devem dirigir-se à esquadra mais próxima.
Sabemos que o índice de suicídio vem crescendo no mundo todo, em todas as faixas etárias, em especial entre os jovens e adolescentes. O Brasil e Portugal seguem essa tendência global, e o tema costuma ser tratado como tabu, ou melhor, não costuma ser tratado. A polémica em torno da "Baleia Azul", portanto, provocou pelo menos uma consequência produtiva. Falar sobre o suicídio, um assunto tão inquietante e espinhoso, é bem melhor do que silenciar.