Instabilidade na relação
Boa tarde caríssima Mariagrazia,
Tenho-me como uma pessoa minimamente inteligente e com capacidade de me analisar e perceber quando estou errada e quando não estou, quando deveria ter trabalhado mais ou não em qualquer situação na vida, reconheço os meus limites.
Sou igualmente uma pessoa altruísta, chegando na maior parte das vezes, prejudicar-me em prol dos outros. Boa ouvinte, boa amiga, e boa namorada e essencialmente boa mãe.
No que vou expor em baixo, gostaria de ter a sua opinião, pois o meu senso comum não me dá uma resposta ao que tento há já algum tempo, perceber o significado disto:
Separei-me já lá vão 4 anos e desse casamento, tenho 2 filhos com idade 11 e 10 anos.
Comecei do zero, e fui construindo novamente da estaca zero e encontrando em conjunto com as crianças o nosso ponto de equilíbrio e finalmente neste momento, posso afirmar que me sinto realizada, grata com o que tenho e com a vida que levo. O tormento já lá vai!
Nestes 4 anos, conheci um rapaz que tem atualmente 35 anos e eu 40, que sabendo ele, na altura, as dificuldades financeiras, emocionais, perdas, tudo o que na maioria dos casos, uma separação implica, pelo que eu estava a passar, veio a ser uma pessoa que me deu uma lufada de ar fresco na minha vida. Fez-me apaixonar por ele, viver um amor quase de adolescente uma paixão, era bom ouvinte, interessado…enfim...um príncipe! Eu nem queria acreditar no que a vida me estava a oferecer. Alguém que me desejava e amava. Contudo, fui aos poucos apanhando algumas mentiras que na altura achei que deveria ignorar, visto não serem prejudiciais para a nossa relação.
Soube que traiu a ex mulher por 2 vezes e inclusive, uma delas foi comigo, quando me tinha dito, que vivia sozinho e que tinha um filho dessa união. Fiquei chateada, mas pensei, erradamente, que comigo não seria assim. De fato nunca soube se me traiu alguma vez ou não.
O problema que se colocou foi que, durante a nossa relação, esta pessoa me pediu sempre mais e mais, (conhecer o meu mundo, filhos, família, e etc.), dormia várias vezes na minha casa, mas ao contrário isso nunca aconteceu. Eu não sou digna de estar ao pé do filho, ao pé da mãe, família e etc. Quando por diversas vezes que foi confrontado com o meu descontentamento, havia sempre uma razão plausível…ora porque a mãe estava com uma depressão...ora porque eu não lhe dava estabilidade para avançar, ora porque eu não podia entrar na casa dele porque isto e aquilo...enfim provocando em mim frustração, revolta. Cheguei a pensar que seria eu o foco do problema que existia na nossa relação! Aliás, ele dizia que a culpa era minha e eu sem perceber bem no quê!
Quando eu desisti, e fi-lo umas 4 vezes, ele veio sempre atrás, com falsas promessas de que agora é que era o momento em que ia avançar, chegando a usar a manobras tais como usando o que eu mais queria: ser novamente mãe; " quero muito ter um filho nosso", " és a mulher da minha vida"; as pessoas mais importantes e que amo és tu e o meu filho"...e quando eu voltava a dar hipótese, nada acontecia...era um ciclo infernal. Fez-me sentir culpada e a duvidar de mim mesma.
Sinto que devo ter uma resposta, para poder avançar na minha vida, o porquê desta atitude, se não quer evoluir na relação e continua a correr atrás? Para depois eu voltar ao inicio e tudo fica igual....
Grata,
ML
Cara ML,
A sua relação com esse rapaz parece que tem uma falha qualquer, que não tenho dados para saber o que seja. De qualquer maneira o comportamento dele não é normal, pois a exclui da sua família por algum motivo. Será que ele está a esconder alguma coisa? Será que tem uma família problemática ou desajustada? Ou será que ele está inseguro na relação?
Além do que com esse comportamento mostra que não tem intensão de assumir um relacionamento em pleno. Parece que tem dificuldade em assumir um compromisso, o que trabalha contra a um possível relacionamento maduro e estável.
O que pode fazer é falar com ele e tentar perceber o que está por trás dessa instabilidade de comportamento da parte dele. Ele não desiste, mas também não assume!
Reflita também sobre o que pretende para a sua vida e para o seu futuro e deixe bem claro quais são os seus limites, e que embora goste dele precisa da participação efectiva e contundente da parte dele.
Se nada disso resultar procure uma terapia de casal para uma orientação e talvez seja altura para ponderar uma separação.
Tudo de bom e boa sorte!