Violência entre irmãos
Cara Dra. Mariagrazia
Desde já dar lhe os parabéns por ser tão excelente
profissional.
Resolvi desta forma entrar em contacto consigo, porque estou numa situação em que não sei que fazer, melhor sei que fazer mas o meu receio é que isso vá de alguma forma prejudicar o meu filho de dez meses.
Tenho 34 anos, engravidei sem querer, pois havia pouco tempo que tinha mudado a minha vida, morava no Alentejo e o meu companheiro em Lisboa. Resolvemos juntar e vim morar para Carcavelos.
Trabalhei em rádio durante 12 anos, mas devido a esta decisão fiquei sem emprego, situação que se mantém até hoje.
A gravidez surgiu na pior altura. Apesar do choque nunca me passou pela cabeça jamais abortar. O meu companheiro levou três dias a massacrar para fazer o aborto, sempre disse que não e que ia embora para o Alentejo, mas abortar nunca.
Um dos argumentos, tinha um filho de 8 anos e que o tratasse como filho, que esta fase passava e daqui a 4 anos engravidava. Foram momentos muito complicados, sozinha sem apoio e a única pessoa que amava estava contra mim.
Mudou de ideias e disse para ficar em Lisboa e levarmos a gravidez para a frente.
Durante os 9 meses, foi a uma ecografia. tive uma gravidez de alto risco, devido ao bebe ter aumentado do percentil 50 para o 95, a medica disse o bebe tinha problemas de certeza, incluindo diabetes. Fiz todos os exames e mais alguns e o resultado sempre o mesmo, o bebe é grande mas está tudo bem. Durante este percurso muito chorei porque nunca sabia qual o resultado do exame que ia fazer. o pai do meu filho, a única preocupação se for encontrado problemas no bebe vamos logo para o aborto.
Graças a Deus, o único problema pelo menos foi a medica a dize-lo, engordei 30 kgs e na passagem do natal tudo se modificou ou seja do percentil 50 para o 95.
Fiz uma indução de parto, entrei num domingo e o meu bebe nasceu de cesariana na quarta as 3 da tarde, foram muitas horas de sofrimento tudo ultrapassei.
Quero só mencionar que somente no sétimo mês, o meu companheiro contou ao filho de 8 anos, que ia ter um mano, Porque o miúdo anda na psicóloga tem problemas de se relacionar com as outras crianças e saber que ia ter um mano ia afectar ainda mais o seu problema.
Estava habituado a ter todos os brinquedos e a atenção de todos e um mano vinha complicar. Tudo aceitei.
Vim para casa da maternidade, o miúdo de 8 anos, filho do meu companheiro, sempre esteve connosco. Era para vir só de 15 em 15 dias, mas dado a situação veio uma semana inteira. Tudo corria bem até ao momento em que o Lourenço quer agredir o mano de 15 dias. Sufocando o bebe no ovo, a minha mãe é que viu, falamos todos e o pai ainda ficou chateado por termos abordado o assunto em família.
Várias tentativas seguiram e o pai nada fez. Diz que é uma situação nova para ele e que não vai repreender o filho, que isto vai passar. Nunca faz a frente do pai, mas depois confrontado conta que fez. A situação mais grave foi há uma semana, as escondidas, isto em segundos, tirou uma parte do cinto da cadeira de refeições, por pouco o bebe não ia ao chão, agora tem 10 meses não para sossegado na cadeira, sem cinto claro ia ao chão. O pai nada faz porque se ralhar com o Lourenço nada vai ajudar e só vai fazer pior na próxima vez. O miúdo há frente do pai e das visitas é um querido com o mano, faz-lhe tudo, por trás só não o mata porque temos de estar atentos ao segundo.
Não aguento mais esta situação e o meu companheiro ainda se vira contra mim, porque não trato bem a criança.
Quando na realidade, claro que agora estou fria por ver que o pai nada faz ao filho e esquecendo que o bebe esta em perigo. Há mais situações pelo meio, mas este é basicamente o resumo.
Peço a vossa ajuda pois não sei como resolver.
O meu desejo é voltar para o Alentejo.
Cumprimentos
Cara mãe,
Sentir ciúmes do irmão é normal mas ele não pode magoar o bebe e principalmente deve tomar cuidado para não virar uma paranoia. É preciso que eles sejam amigos e não inimigos. Agora será que não é exagero seu dizer:” só não o mata porque temos de estar atentos ao segundo”. Será que ele não faz essas coisas para chamar a sua atenção e para conquistar o seu carinho? Entendo que o “seu filho” é e sempre será mais amado que o filho de seu companheiro, mas se ama seu companheiro pode gostar também do filho dele, mesmo que seja com menos intensidade do que o seu. Pense que se fosse filho seu, também poderia acontecer o mesmo e também poderia acontecer se fossem irmão verdadeiros e que não adianta somente zangar-se com ele nem com o companheiro. Brigas entre irmãos são amplamente consideradas como um rito de passagem inofensivo, mas é preciso educar e explicar-lhe como tratar do mano pequenino e dos perigos que pode ser qualquer maltrato. Motivá-lo para que seja responsável e para que se comporte como irmão mais velho protetor e incentivá-lo com elogios e prendas quando cumpre e alguns castigos ( não jogar , não ver tv, ficar sozinho no quarto por uns 15 minutos)quando não cumpre.
Demonstre o seu apreço por cada uma das crianças e pelas suas qualidades únicas. Isto implica alguns desafios: não fazer comparações entre irmãos, proporcionar momentos de partilha com os pais e evitar qualquer manifestação de favoritismo.
Lembre-se que a sua atenção deve ser dirigida para as crianças em muitos outros momentos para além das situações de briga. Privilegie dar atenção nos momentos em que há interações positivas e adequadas, elogiando a capacidade das crianças partilharem brincadeiras e momentos felizes.
Entretanto continue sempre atenta para que tudo corra sempre bem. Não vale a pena brigar com seu companheiro mas o importante é educar a criança.